quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

DANE RUDHYAR - ASTROLOGIA HUMANÍSTICA (seu legado)

O astrólogo, filósofo, artista Dane Rudhyar nasceu em paris, França, em 23 de Março de 1895 e morreu em 1975, em São Francisco, Estados Unidos, aos 90 anos de idade.
Seu trabalho foi muito importante e considerado uma transição válida entre a astrologia profana e a astrologia sagrada, surgindo com as correntes místicas e científicas. Nesse sentido, Rudhyar realizou um esforço sincero para compreender os altos postulados da Tradição e levar a mentalidade moderna nesta direção.
Rudhyar era claramente possuidor de uma mente científica, ainda que aberta ao superior. E conquanto acatasse a idéia da "influência astral", perturbava-o a incredulidade da ciência acerca do tema esotérico, adotando nisso certo ceticismo científico e buscando formas de harmonizar mente e intuição.Por essa razão, a sua opção astrológica tornou-se cada vez mais simbolista. Ou seja: Os códigos astrológicos teriam validade unicamente como guias para a evolução terrena naquilo que se refere aos ciclos evolutivos do ser humano, sem a pretendida influência exterior da astrologia profana. E isso se deu em todos os planos em que trabalhou, seja HUMANÍSTICO, seja TRANSPESSOAL.
Muito cedo em sua vida Rudhyar chegou a compreender intuitivamente duas coisas que influenciariam profundamente toda sua vida e seu trabalho: 1) O tempo é cíclico e a Lei dos Ciclos descreve todas as civilizações assim como a existência; 2)  A Civilização Ocidental está agora no que poderia denominar-se "fase outonal" de seu período de existência. Conforme essas compreensões se desenvolveram como uma dedicação pessoal ao futuro que vislumbrava, Rudhyar sentiu a necessidade de se divorciar da Europa e buscar um "Novo Mundo", uma terra na qual pudesse, por assim dizer, semear-se a si mesmo como semente, levando dentro do seu ser o legado de todo o viável e construtivo no passado europeu. Em fins do outono de 1916 (aos 21 anos) chegou à América, deixando para trás sua terra natal e sua ancestral cultura francesa, assim como seu nome familiar, Chenneviere.
A mudança de nome foi simbólica em virtude de uma total dedicação ao seu ideal: a transformação da nossa civilização, uma reavaliação de todos os valores.
Veio a ser conhecido como Rudhyar, nome derivado da raíz sânscrita "rudra", que significa ação dinâmica e poder elétrico libertado durante as tormentas.
O deus RUDRA é nos Vedas o Destruidor e Regenerador, a energia transformadora que rompe os velhos moldes e o poder da vontade ou força vital.
Esse sentido de destino liberou através de Rudhyar uma tremenda energia que ele canalizou para o desenvolvimento de suas idéias filosóficas: através da Música, do uso do Tom, através da Pintura como a Arte dos Gestos, através da Astrologia como a linguagem simbólica, com o potencial de levar os indivíduos à sintonia com os ciclos cósmícos. 
Através de toda a sua longa vida e de seu uso de diferentes formas de expressão, seu propósito foi sendo cada vez mais claramente enfocado e dinâmico. Ele invocou a necessidade de indivíduos que com visão holística e um enfoque transpessoal da vida  servissem como fundamento de uma sociedade global.
Rudhyar deu-se como presente de maioridade, o abandono de um continente conflagrado pela guerra, buscando um novo mundo, não apenas como segurança, mas como um novo padrão cultural.
Crítico das monarquias européias, via na democracia americana um sinal do porvir, onde muitos poderiam compartilhar os bens materiais e espirituais da civilização. O abandono do próprio nome simboliza esta profunda ruptura com o passado. Derivado de Rudra, a palavra Rudhyar sugere seu desejo de transformar profundamente  as concepções e gerar uma nova força. Esse nome traduz talvez a determinação de seu signo solar , Áries, um signo de mudança e de impulso. 
Como declara em seu livro " Da Astrologia Humanística  à Astrologia Transpessoal, de início ele foi profundamente influenciado pelas obras de H.P. Blavatsky (Ísis sem Véu  e a Doutrina Secreta). Afirma que seu despertar para a astrologia deu-se sob o contato com a Sociedade Teosófica, na década de 20, onde participou de sua Seção Interna, vindo a conhecer importantes nomes do esoterismo presente e vindouro, quando também se interessou pela obra de Carl G. Jung. Um desses nomes foi Alice A. Bailey que apoiou o início da carreira de Rudhyar, oferecendo-se para lhe publicar a obra Astrologia da Personalidade (1936), baseada em artigos de Rudhyar, imbuidos em reflexões sobre os mistérios de Astrologia esotérica e da Metafísica oriental.
Quando começou a atuar com estilo próprio, a influência de Jung sobre seu trabalho foi mais forte, dando lugar ao surgimento de uma ASTROLOGIA HUMANÍSTICA, que empregava valores simbólicos da Astrologia na integração da personalidade humana, ou como base para uma "psicologia profunda" como declara em sua obra "A Astrologia da Personalidade". 
Nessa etapa Rudhyar atua sobretudo como um pensador, fornecendo uma importante base teórica para a formação de uma "psicologia astrológica" , influenciado vários astrólogos mais devotados à praxis individual como Stephen Arroyo, Alexander Rupertti, Michael Meyer, Liz Greene, Dona Cunnigham e outros.
Mais tarde, esse enfoque ampliou e até se cosmificou, surgindo assim sua ASTROLOGIA TRANSPESSOAL. De certo modo, isso representou um retorno às suas primeiras obras e idéias, profundamente influenciadas pelo esoterismo. Nesse campo, Rudhyar era basicamente um "criador" gerando novas idéias, vindo a influenciar astrólogos místicos como Alan Oken.
A sua obra "Astrologia da Transformação" é considerada "o brilhante clímax da obra astrológica de Rudhyar", após 45 anos de estudo.
A primeira parte deste trabalho de 45 anos começou em 1933, quando passou a escrever para a então nova revista American Astrology, fundada por Paul Clacy. Tratava-se de uma série de artigos mensais que viria a durar mais de 20 anos. O primeiro grupo de artigos foi usado como base do livro "A Astrologia da Personalidade". Esta fase encerrou-se em 1968, quando Rudhyar formou o Comitê Internacional para uma Astrologia Humanística (ICHA, em inglês, palavra que em sânscrito significa vontade - iccha).
A fase final teve início em seus últimos anos de vida. Se não foi um MESTRE consumado, Rudhyar foi, ao menos, um brilhante contribuidor esotérico-científico, capaz de ter feito uma ponte válida entre o passado e o futuro, tal como foi toda a sua vida e não raro, ainda hoje, brinda seus leitores com "insights" e abordagens verdadeiramente iluminadas.
Mas, como resumo de tudo podemos transcrever suas palavras reproduzidas no prefácio da Astrologia Humanística à Astrologia Transpessoal: " O DESAFIO DA TRANSFORMAÇÃO TOTAL - INDIVIDUALMENTE E COLETIVA SOCIAL - ESTÁ DIANTE DE NÓS, SE OS NOSSOS OLHOS ESTIVEREM ABERTOS, NOSSAS MENTES DESANUVIADAS E O NOSSO EGO NOS PERMITIR SUPERAR SEUS TEMORES E SUAS FRONTEIRAS DE INSEGURANÇA. UMA VEZ APTOS A ACEITAR TAL DESAFIO, TUDO MUDA"!


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